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sábado, 11 de setembro de 2010

CONTROL- A vida de Ian Curtis


Cotação:*****

Dirigido pelo cultuado Anton Corbijn(famoso pelos seus trabalhos fotográficos junto ao U2 e pela direção de videoclipes marcantes, como o de "Heart Shaped-Box" do Nirvana), CONTROL narra a vida de Ian Curtis, o líder inconsteste do Joy Division, banda que em apenas 3 anos de atividade definiu o chamado post-punk, soando como ritmo&voz de toda uma geração.
Baseado em um livro escrito pela viúva de Ian, o filme mostra a saga do vocalista desde o início dos anos 1970, quando o jovem passava os dias escrevendo poesias e ouvindo até furar discos como "Aladdin Sane" de David Bowie, passando pelo furor causado pelos Sex Pistols e por toda a onda do punk britânico circa 1977.
A maneira como o filme foi filmado-em p&b- mostrou-se um truque perfeito de Corbijn na tarefa de exemplificar não apenas os conflitos internos do protagonista, bem como a cinzenta e esfumaçada cidade de Manchester e toda o novo movimento sonoro e comportamental que eclodia naquela época.
Para os admiradores dos bons sons,o filme tem detalhes esplendorosos: as capas de "Space Oditty" de Bowie e "Transformer" do Lou Reed estampado as paredes do quarto de Ian; as inúmeras referências-verbais e visuais- a grandes nomes da cena musical da época, como Buzzcox, The Fall e Cabaret Voltaire, e a audição emblemática do clássico "The Idiot" de Iggy Pop.



Recordista de BAFTA's, Control cristaliza a imagem de Ian Curtis como o jovem compositor que, através da sinceridade, da poesia e de uma profunda melancolia, cravou o nome de sua banda na história do rock. E, pelos mesmos motivos, este filme tem tudo para entrar no hall das melhores cinebiografias dos últimos tempos. Recomendadíssimo!
(Texto publicado originalmente em www.bigbangcinema.com)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Novo clipe do "Ting Tings"



Não conhece o The Ting Tings? Bem, é uma dupla britânica de rock/eletro, formada em 2004 por Katie White e Jules De Martino. Eles lançaram seu primeiro disco em 2008, intitulado "We Started Nothing", que conseguiu atingir a primeira posição das paradas musicais do Reino Unido.

Neste ano eles lançam seu novo Álbum, Kunst, e já disponibilizaram o clipe do primeiro single do disco.

A música se chama Hands, e pode-se notar no clipe a total influência dos clipes dos anos 80.

Assista ao clipe:





Curiosidade: Sabe de onde veio o nome da banda? O nome The Ting Tings, foi uma homenagem da vocalista a uma amiga chinesa, e significa em Mandarin "O Coreto Velho" .

domingo, 5 de setembro de 2010

O Último Mestre do Ar



Quando sairam as primeiras imagens do novo filme de M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), houve desconfiança de meio mundo. Mas tão logo saiu o primeiro trailer, a desconfiança deu lugar a expectativa. As imagens eram belas e tudo parecia caminhar para o início de uma nova série épica... E então "O Último Mestre do Ar" (The last Airbender, EUA, 2010) estreia nos cinemas, e chegamos a uma infeliz constatação...

"O Último Mestre do Ar", é baseado na série de desenhos animados da Nickelodeon, chamada "Avatar: The last airbender" ( no Brasil, 'Avatar: a lenda de Aang'), que foi lançada em 2005 e recebeu muitos elogios de público e crítica. Vendo no sucesso da série um modo de reerguer seu status em Hollywood, Shyamalan embarcou nesse blockbuster que difere completamente de seu estilo.


A trama se passa em um mundo dividido em 4 grandes povos: a Tribo da Água, a Nação do fogo, O Reino da Terra, e os Nômades do Ar. Em cada povo existe um grupo especial de pessoas, capazes de dominar seu elemento de origem. E dentro desse mundo, existe o Avatar, que é o único capaz de controlar os 4 elementos e assim manter a paz no mundo. Acontece que o Avatar desaparece por 100 anos, e o mundo se encontra em uma guerra iniciada pela Nação do Fogo, que pretende dominar todos os outros reinos. No auge do conflito, dois irmãos da tribo da água do sul acabam encontrando dentro de um iceberg o Avatar desaparecido; um garoto dominador de ar de 12 anos chamado Aang, e que é o último representante de seu povo que foi exterminado. Então a missão dele é aprender os outros elementos, afim de acabar com essa guerra que já dura um século...


O filme é corrido; seu roteiro atropelado não dá espaço para desenvolver muito bem nenhum dos personagens. Tudo parece um grande tour sem sentido, um roadmovie onde o espectador se torna uma ameba passiva. Desde o início o longa insiste em ficar explicando excessivamente as coisas, e Shyamalan quebra assim uma regra básica do cinema: contar uma história através de imagens, não através de letreiros. Talvez tudo isso se deva ao grande volume de informações, pois o primeiro volume da série compilava algo em torno dos 500 minutos. Colocar tudo isso em um filme de 1 hora e meia seria impossível, e por isso mesmo tudo parece sempre tão... solto.

Os atores são na maioria péssimos e quem se salva é Shaun Toub, que interpreta o general Iroh. O trio de protagonistas é muito inexperiente, e o ator Noah Ringer só foi escalado para viver o Aang por saber artes marciais.

As coreografias dos dominadores tem alguns bons momentos, mas na grande maioria são ridículas, exageradas.
E os efeitos não acompanham os movimentos pouco naturais.
Aliás, os efeitos visuais variam entre o péssimo e o bom, com destaque para os bons efeitos do Appa, o bisão voador do Avatar.



A trilha sonora é boa em alguns momentos, mas não está sincronizada com aquilo que se vê na tela.
A ação quando ocorre é boicotada pelo próprio diretor, que optou por planos longos e abertos, que praticamente anulam qualquer emoção nas batalhas. Claro que ninguém gostaria de algo como um ‘Transformers’ da vida, com aquela edição convulsiva, mas alguns cortes cairiam bem nas cenas de ação.

Se existe algo realmente bom neste filme, certamente são os cenários belíssimos. Shyamalan conseguiu recriar um mundo de muitas belezas naturais, usando locações reais combinadas a cenários digitais. O resultado final ficou muito bom.



Acho que é impossível falar de um filme desse sem fazer comparações com a animação. Claro que alguns fãs Xiitas vão encontrar defeitos até na cor dos olhos do personagens, condenando o filme simplesmente por não ser uma mimica 100% fiél ao desenho. É preciso dizer que o filme teve vários momentos bastante fiéis ao original, mas talvez a essência tenha se perdido.

Avatar era um desenho que apesar de ser voltado principalmente ao público infantil, possuia bastante maturidade. A trama sempre buscava ser inteligente, com personagens sempre profundos e carismáticos. No filme a inteligência do espectador, independente da idade, é muito subestimada com situações e diálogos risíveis.

A personagem Katara, interpretada no filme por Nicola Peltz, passa longe da decidida garota do desenho, que apesar de tentar se manter sólida por fora, guarda em seu íntimo a insegurança comum em qualquer garota. Já o irmão dela, Sokka, interpretado por Jackson Rathbone, no filme não passa de um mero figurante. No desenho Sokka era o centro cômico, mas também era o símbolo de uma coragem ingênua, sendo teimoso e muitas vezes machista.

Aang, o protagonista, era na animação um personagem que possuia uma alegria notável; corajoso e centrado, também possuía momentos muito profundos na série. No longa ele se torna apagado, sempre sério, pouco convincente.

Na série, sem dúvida alguma um dos personagens mais complexos é o príncipe Zuko. Interpretado no longa pelo ator Dev Patel (Quem quer ser um milionário?), é talvez um dos poucos personagens que manteve suas principais características. Orfão de mãe, renegado pelo próprio pai que o feriu e com a obstinação em capturar o Avatar, Zuko se torna um personagem trágico que pode causar encantamento ou aversão.


Outro ponto de destaque na animação, era a mitologia incrívelmente vasta e complexa do mundo do Avatar, contando a história da história, construindo caminhos bifurcados que no final acabam por se ligar novamente. Mas no longa-metragem fica difícil mensurar tudo isso, principalmente pelo pouco tempo de duração.
Muitos personagens interessantes e alguns até fundamentais foram ceifados do roteiro, como as Guerreiras de Kyoshi e o Avatar Roku; este último protagonizando no desenho momentos tocantes e épicos, em todas as vezes em que se encontra com Aang no Mundo Espiritual.

Aliás, Shyamalan perdeu a chance de colocar nas telas um dos momentos mais interessantes da primeira temporada, quando Aang entra no mundo espiritual em busca dos espiritos da Água e do Mar, e se encontra com Koh. Esse é um espírito antigo conhecido como "O ladrão de rostos", e Aang deve interrogá-lo sem demonstrar emoções, pois caso contrário, Koh roubaria seu rosto.


No geral, O Último Mestre do Ar talvez seja a adaptação mais fiél de um desenho já feita, mas o maior problema é que tudo parece ter sido arquitetado e amarrado de maneira incorreta. Vítima do estúdio e de seu próprio ego, Shyamalan decidiu por retirar muitas cenas boas na ilha de edição, afim de fazer um filme conciso de 90 minutos. Talvez se tivesse as mantido, a história fosse diferente... ou não.

O Último Mestre do Ar deve agradar muito as crianças, cujas as exigências são bem menores. Mas em tempos onde a Pixar entrega ótimos trabalhos, é insatisfatório um filme feito para os menores e que não possua tanto brilhantismo.

Quem não conhece a animação, vale muito a pena conferir, independente da idade. Garanto que depois de completar sua jornada na saga do verdadeiro Avatar, ficará com a mesma sensação que eu:

No final das contas, fomos todos enganados pelo Sr. Noite.


Veja o trailer enganador:



http://www.youtube.com/watch?v=EI0roinV3vY

domingo, 29 de agosto de 2010

Noturno - trilogia da escuridão

Guillermo Del Toro pode ser considerado um diretor visionário, tendo coragem de adaptar a HQ de Hellboy e principalmente depois de seu filme "O Labirinto do Fauno", ganhador de três Oscar’s. Grande entusiasta do gênero de fantasia, Del Toro decidiu investir em uma empreitada diferente de seu ramo de trabalho: a literatura.

Junto de Chuck Hogan, autor de "O impasse", Del Toro escreveu "Noturno" (‘The Strain’), que é o primeiro volume da intitulada "Trilogia da escuridão" (The Strain Trilogy). A história passa-se quase totalmente nos dias de hoje, e trata de um tema que vem se tornado quase banal na literatura e nos cinemas... Sim, é sobre Vampiros.

Idealizado por Guillermo Del Toro antes mesmo da publicação da famosa "saga" Crepúsculo, Noturno apresenta os vampiros também de forma moderna, mas eles neste caso são o oposto de doce ou romântico. No entanto, o que aparentava ser um ótimo livro, o que era a esperança da devolução da dignidade vampírica nessa última década, acabou se tornando uma verdadeira decepção.

Na trama, um avião Boeing vindo de Berlim pousa no aeroporto JFK em Nova York e
imediatamente sofre um blackout. As janelas se fecham, as luzes se apagam e a
comunicação com o avião é perdida. Temendo um possível ataque biológico, o
centro de controle de doenças é chamado e o chefe do Projeto Canário - Dr.
Ephraim Goodweather - entra em ação, e lá dentro ele se depara com uma horrível
situação... O que vem em seguida é uma verdadeira corrida para impedir que uma
pandemia vampírica se espalhe por Nova York.


As cenas que envolvem o avião "morto" são sem dúvidas as melhores de toda a obra. Narradas com uma grande riqueza de detalhes, envolvendo até mesmo aspectos técnicos das aéronaves e parâmetros de voo utilizados nos aeroportos, esses trechos geram grande suspense e curiosidade para quem lê. Inserido no meio de tudo isso, existem algumas análises científicas daquilo que está ocorrendo, e novamente o livro expõe curiosidades muito interessantes e é eficaz naquilo que propõe.

O vampírismo é apresentado como resultado da ação de um vírus, que se instala no organismo através de um parasita sanguíneo introduzido pelo vampiro em sua presa. Nisso lembram muito os vampiros descritos por Richard Matheson, no seu livro "Eu Sou a Lenda" de 1954, que lembram um pouco zumbis é verdade, mas possuem várias características básicas de um vampiro.

Tudo caminha relativamente bem em Noturno, até que na segunda metade o livro se torna arrastado e cansativo. Depois que grande parte dos mistérios e motivações são revelados, a trama se resume básicamente a uma inútil caçada ao tesouro.

Outros pontos negativos são as excessivas explicações que desfocam da trama, como um sub-capítulo totalmente voltado a ‘ocultação’, nome correto daquilo que conhecemos como eclipse. Temos também alguns clichês familiares que não chegam a afetar tanto a narrativa, mas que desgastam, como o pai separado que larga o filho para atender ao seu trabalho

Perto do final o livro volta a tomar um pouco de fôlego e apresenta um epílogo bem instigante. Mas aí já é um pouco tarde e tudo que o livro havia conquistado junto ao leitor no início, se esvai num mar de decepções.

Noturno teve a chance de morder sua fatia e agitar esse mercado editorial vampírico, mas infelizmente disperdiçou esssa grande oportunidade. Totalmente contra-indicado... A não ser que você goste de sofrer.

Cena um, plano um, tomada um!

Tudo culpa da Bruuks!!!
É isso mesmo, a Bruuks começou a comunidade e agora vamos expandir esse universo das Produções Aleatórias.
Ainda não sei qual o futuro desse grupo, mas espero que dure por muito tempo.
Boa sorte pra gente!!! =p